A ideia de que empresas são organismos vivos já está mais do que assimilada por todos. Há décadas que estudiosos da administração e das ciências sociais desenvolvem conceitos sobre o perfil das organizações, fazendo referências cruzadas com os indivíduos que as formam. Analogamente, é como se cada indivíduo fosse uma célula de um corpo maior, mais complexo, com o desafio de que cada unidade celular tem vontade própria e suas ações acabam afetando a forma e o conteúdo do todo.

Ainda fazendo analogia com seres humanos, o processo de nascimento e crescimento do corpo empresarial se inicia pelo encontro de células que se juntam – os sócios fundadores que, algum dia no passado, tiveram a ideia de empreender. As células originadoras formam o cérebro organizacional, porém, o processo de crescimento e formação dos órgãos não se dá por divisão celular, mas sim, por movimento de atração de outras pessoas que comunguem dos mesmos ideais e valores, enfim, que acreditem no mesmo sonho do empreendedor original. Assim, nasce toda e qualquer organização que conhecemos.

Humanos nascem e crescem, experimentam os desafios da adolescência, tornam-se jovens, ficam adultos, envelhecem e morrem. Não por coincidência, é a mesma sequência de ciclos empresariais. Fatores biológicos, sociais, emocionais e ambientais vão afetar o caminhar de cada indivíduo durante sua vida, fazendo com que o grau de amadurecimento não seja exatamente padronizado, ciência exata. Idade cronológica não é o único fator determinante da maturidade.

Nos últimos 30 anos, tenho trabalhado com empresas dos mais diversos setores econômicos, tamanhos, idade, número de profissionais, faturamento, entre outros diversos possíveis critérios de segmentação mercadológica disponíveis nos livros de gestão. Tais critérios procuram ser quantitativos, por questões óbvias de criação de extratos onde possamos enquadrar cada firma individualmente, mas seres vivos são mais “quali” do que “quanti”. Alguns autores trazem um conceito que muito me agrada e é sobre ele que escrevo neste artigo: a maturidade empresarial. Se estamos falando de organismos vivos, um importante aspecto a ser considerado é o processo de amadurecimento de cada indivíduo, e nesse tocante, as empresas passam por um processo evolutivo natural, similarmente ao dos seres humanos que a formam.

Empresas são conjuntos complexos de temas ligados a aspectos societários da Propriedade, que é composta para atingir determinados Propósitos, que vivem guiados por Princípios, onde cada ator deveria ter Papel bem definido, organizados numa estrutura de Poder, funcionando por meio de diversas Práticas e Processos, tendo como elemento principal as Pessoas. E tudo isso, na busca da Perenidade e Perpetuidade. Os diversos Ps deste parágrafo foram baseados nos 8 Ps da Governança Corporativa, dos autores Adriana Solé e José Paschoal Rosseti. A eles, somamos outros diversos conceitos acadêmicos e experiências da prática da consultoria empresarial, para sugerir os diversos níveis de Maturidade de Governança e Gestão (MGG), como forma de enxergar as empresas pelo ângulo do estágio de seu amadurecimento como ser vivo.

Nas próximas edições, iremos compartilhar uma sequência de artigos apresentando exemplos ilustrativos dos diversos níveis de MGG, baseados em fatos reais, e fundamentados em rica bibliografia. Esperamos que vocês, empresários e gestores, consigam se ver em algumas das situações narradas, como forma de avaliar quão madura é sua organização.

Até lá! Sucesso a todos!

Marcus Lindgren

Managing Partner da Moore Belo Horizonte
marcus@moorebrasil.com.br