Três aspectos primordiais para a gestão do fluxo de caixa na crise

A pandemia da COVID-19 está afetando empresas em âmbito global. Independentemente de região ou segmento de atuação, a atenção das organizações está voltada para o seu fluxo de caixa. É necessário avaliar os impactos e interagir com todos os seus stakeholders nesse momento crítico.

Embora ainda não esteja claro o tamanho do impacto final, a COVID-19 destaca a importância do planejamento da continuidade do negócio. E nesse momento, mais do que nunca, a gestão adequada do fluxo de caixa é sinônimo de sobrevivência.

A principal pergunta a ser respondida hoje é: 

Quanto tempo dura meu caixa?

Essa pergunta é a mais importante e a mais difícil de ser respondida num momento de tanta incerteza e instabilidade.

Desenvolver processos, métodos e ferramentas de gestão de caixa de curto e médio prazos é primordial.

Por isso, destaco neste artigo três aspectos essenciais, que devem ser levados em consideração, na hora de aprimorar a gestão do fluxo de caixa:

  • Processo de tomada de decisões: previsibilidade e acompanhamento

Um dos indicadores mais importantes da gestão financeira de um negócio é o fluxo de caixa futuro. O objetivo principal desse indicador é orientar a empresa sobre a sua capacidade de cumprir suas obrigações e evitar problemas de financiamento da operação.

O uso adequado da previsão de fluxo de caixa futuro fortalece o processo de tomada de decisão, identifica potenciais carências e necessidades e oferece a oportunidade de gerenciar proativamente problemas potenciais.

Para garantir uma previsão confiável durante esse momento de crise é necessário criar rituais periódicos para avaliar cenários, acompanhar o impacto das ações já implementadas e deliberar sobre novas ações necessárias para a sobrevivência do negócio.

A cada nova medida implementada, as projeções de fluxo de caixa devem ser atualizadas e os impactos da sua implementação devem ser avaliados.

Um processo bem estruturado e documentado de gestão do fluxo de caixa é crítico para que as melhores decisões rumo à continuidade do negócio sejam tomadas.

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  • Métodos para projeção do caixa

O exercício de projeção de fluxo de caixa compreende dois fluxos básicos: os de entrada; e os de saída de caixa.

Entradas de caixa

A projeção das entradas de caixa é especialmente desafiadora por depender de um entendimento do cenário externo que envolve comportamento de clientes, concorrentes, ambiente regulatório e macroeconômico.

No cenário atual, as medidas sanitárias para mitigação dos impactos da COVID-19 passam a ser as variáveis mais importantes a serem avaliadas.

A projeção de entradas de um negócio típico é composta basicamente por recebimentos de clientes e captação de recursos (dívidas ou investidores).

Os recebimentos de clientes podem ser desdobrados no mínimo em três grandes grupos: contas a receber, previsão de vendas e crédito e cobrança. Para cada grupo, deve ser definida uma abordagem específica, com ferramentas e métodos sobre os quais pretendo aprofundar em outros artigos.

A principal recomendação é que seja dedicado grande esforço e atenção à projeção dos recebimentos de clientes, pois essa é a variável mais importante para o processo de tomada de decisão de qualquer negócio, principalmente no momento atual.

Em relação à captação de recursos, a projeção de fluxo de caixa é o instrumento mais relevante para definir quanto de recursos será necessário, além de ser muito relevante inclusive para redução dos custos de captação.

O nível de estruturação e domínio sobre o cenário futuro do negócio pode ser a diferença entre conseguir ou não os recursos.

Saídas de caixa

A projeção das saídas de caixa também passa pela adoção de abordagens específicas para cada grupo de gastos, entre eles: fiscal e tributário, mão de obra, fornecedores de matéria prima, contratos (alugueis, prestadores de serviços) e utilities (energia, água, etc.), investimentos, empréstimos e financiamentos e pagamento de dividendos.

A relevância e o comportamento de cada um dos grupos dependerão do perfil de cada negócio, seu porte, segmento de atuação, modelo de negócio, entre outros aspectos.

Durante a pandemia, o governo tem disponibilizado diversos instrumentos para mitigar os impactos nos negócios, focando principalmente em questões fiscais e tributárias, mão de obra e de empréstimos e financiamentos.

Conheça o nosso guia de captação financeira: COVID-19.

  • Ferramentas de projeção

Até o momento, foram abordados os processos e métodos para projeção do fluxo de caixa futuro, porém outro componente fundamental para viabilizar a implementação dessa prática são as ferramentas que incluem ERPs (Enterprise Resource Planning), planilhas eletrônicas e sistemas especializados em planejamento e análise financeira.

Contar com ferramentas adequadas tem grande impacto sobre a qualidade do processo de projeção de caixa e, consequentemente, no planejamento de continuidade do negócio e processos de tomadas de decisão emergenciais.

Saiba mais quais os impactos da crise no caixa da sua empresa.

Gustavo Sobrinho

Diretor de consultoria especialista em finanças da Moore Belo Horizonte
gustavo@moorebrasil.com.br