Estruturar financeiramente uma empresa não é tarefa fácil. É uma atividade dinâmica e, ao longo do processo, o empreendedor pode se deparar com situações corriqueiras e outras que fogem totalmente do seu planejamento. De maneira geral, a empresa necessita de recursos financeiros para dois tipos de aplicações básicas: para capital de giro, ou seja, para as necessidades operacionais; e para investimentos.

O planejamento financeiro de curto prazo é essencial para a empresa, pois tem como objetivo garantir o fluxo de recursos responsável pelas operações do seu dia a dia. Para evitar que problemas relacionados ao capital de giro afetem o caixa da empresa, é importante que o empreendedor fique atento aos sinais de desequilíbrio e acompanhe de perto todo o processo financeiro, para que possa tomar as medidas necessárias com maior velocidade e assertividade. Quanto aos investimentos, o requisito básico é que integrem o planejamento financeiro de longo prazo, haja vista o prazo de retorno mais alongado.

Veja alguns sinais que sua empresa pode estar lhe dando de que irá precisar de uma injeção de capital. Alguns deles podem ter a mesma causa:

  • Endividamento de curto prazo: Pequenas e médias empresas, principalmente, têm dificuldade para determinar a necessidade de capital de giro, porém essa é uma das tarefas fundamentais para o bom andamento financeiro do negócio. A forma mais usual para financiar a necessidade de capital de giro é tomar recursos financeiros a curto prazo, seja descontando duplicatas ou sob a forma de empréstimos. Porém, se perceber que este endividamento está crescendo e o volume de suas atividades não, cuidado, há algo que merece atenção.
  • Descontrole de fluxos de caixa: Não há dúvida de que pior do que gerenciar os descontroles de fluxos de caixa é não ter nenhuma ferramenta de acompanhamento dos fluxos de caixa. Considerando que a sua empresa possui uma ferramenta de acompanhamento, que pode ser uma simples planilha eletrônica, os “descasamentos” frequentes entre as necessidades de recursos e as disponibilidades financeiras indicam que há uma falha em seu planejamento, que pode levar a empresa a tomar recursos emergenciais e, portanto, mais caros.
  • Falta de controle de despesas, custos e investimentos: Um acompanhamento eficiente do comportamento dos custos, despesas e investimentos é imprescindível para evitar surpresas desagradáveis. Uma forma simples de gerenciar os gastos é através de acompanhamento orçamentário. Planeje os gastos em função de um objetivo. A ocorrência de um prejuízo ou necessidade de recursos de terceiros pode muito bem ser absorvida pela empresa, desde que se justifique como um sacrifício necessário e previsto.
  • Quedas no faturamento e estagnação nas vendas: Quando se detecta que as vendas não têm crescido em comparação com o crescimento do mercado ou, ainda pior, que elas têm diminuído, há um sinal claro de que algo precisa ser repensado. Duas ações podem ser tomadas em casos como esses: a) aquilo que nem precisaria ser dito!!! “Vender mais”, desde que com lucro, o que pode passar por rever as estratégias de marketing, posicionamento, análise de produto, novos clientes, nichos e oportunidades e/ou; b) uma análise fina na estrutura de custos, despesas e mesmo investimentos, que possa reduzir os gastos de forma compatível com o novo nível de receitas. Se nada disso for feito, haverá necessidade de capital adicional para financiamento das atividades até o limite da viabilidade.
  • Uso de cheque especial e contas garantidas: Um sintoma muito fácil para se identificar problemas de gestão financeira é o uso frequente, contínuo e indiscriminado do limite do cheque especial ou conta garantida. Estes estão entre os recursos financeiros mais caros que a empresa pode tomar. É evidente que algumas vezes, em uma emergência, temos a necessidade de usar aquilo que estiver ao nosso alcance, porém, quando isso deixa de ser exceção e passar a ser regra, cuidado, há algo errado. Analise o seu planejamento, reveja o seu fluxo de caixa e tome alguma atitude para alongar o perfil do endividamento e reduzir o seu custo.

O processo de gestão financeira das organizações é composto por um conjunto de atividades dinâmicas que, pela sua natureza, requerem ajustes constantes e com a “empresa em movimento”. Isso exige do empreendedor um nível de atenção permanente, conhecimento e mesmo sensibilidade para promover os ajustes, quando necessários, de forma a prover os recursos financeiros que garantam a sua continuidade. Assim, rigor no planejamento, atenção aos sinais do mercado e disciplina na gestão do caixa são indispensáveis, ainda mais em momentos turbulentos como hoje.

Luiz W. Jung